quarta-feira, 20 de abril de 2011

Páscoa na escola: que tom ela tem?

A celebração pode ser tratada de forma lúdica e profunda, evitando-se excessos religiosos e sem que os alunos percam tempo demais entre ovos e coelhinhos.
Dicas, clique nos itens abaixo:
1. A Páscoa não é distribuição de ovos
Entender o significado dessa celebração deve ser o primeiro passo do trabalho na escola, já que a criança vem sendo bombardeada há semanas com comerciais de ovos de chocolate na TV - e pode concluir, com isso, que se trata apenas de um dia para trocar guloseimas. "As crianças pequenas, especialmente, relacionam a Páscoa com ovos, apenas", confirma Patrícia Maria Silva Brum Pimenta, diretora pedagógica do Colégio Brumline, de São Paulo. "Por isso, sem enfatizar o aspecto religioso, mas sim histórico, explicamos o que esse dia significa para os católicos. Antes disso, porém, avisamos aos pais que falaremos do assunto", ressalta Patrícia, sinalizando algo importante: é bom que fique claro para os pais, de preferência no início do ano, que tipo de postura a escola assumirá diante de comemorações como Páscoa e Natal.

Outra dica é trabalhar também o sentido da Páscoa Judaica, ou Pessach, sobretudo se houver alunos judeus na escola. Assim, introduz-se a noção de pluralidade religiosa, e o ponto de vista histórico-cultural ganha força.
2. Coelho não bota ovo
Esta não é uma confusão incomum, e vale a pena esclarecer o assunto com as crianças do Ensino Fundamental I, partindo do trabalho com símbolos pascais em geral. Os ovos (por conterem uma nova vida) e os coelhos (por terem muitos filhos) tornaram-se símbolos populares da Páscoa, mas não têm, obviamente, relação direta entre si. "Relatamos uma lenda sobre crianças que descobrem uma cesta de ovos pintados por sua mãe na mesma hora em que passa correndo um coelhão", diverte-se a coordenadora Vânia Barone Monteiro, do Colégio Dante Alighieri, completando: "Assim explicamos de forma lúdica a ligação entre os ovos e o coelho e ainda aproveitamos para tratar o gênero lenda". Vânia revela, ainda, que os alunos maiores, do 4º e 5º ano, deparam com um verdadeiro desafio de Páscoa: entender por que essa celebração não possui data pré-definida, e o que isso tem a ver com o equinócio de outono, um conceito complexo, que se torna mais acessível quando abordado no contexto.
3. Ovos compartilhados
No último ano da Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental I, a Páscoa pode ser um bom gancho para uma atividade lúdica que envolva compartilhar, um valor essencial para essa faixa etária. "Na aula de culinária, os alunos podem fazer, juntos, um ovo de Páscoa e depois reparti-lo. Ou a classe se organiza para um amigo-secreto de bombons", sugere Carmen Silvia Penha Galluzzi, psicóloga educacional da Organização Educacional Margarida Maria (OEMAR), de São Paulo. Muitos professores, quando ganham ovos dos pais, também optam por compartilhá-los com a classe (embora não seja uma obrigação, claro).
4. Um ovo, dois ovos, três ovos... Assim, não!
Dividir os ovos também impede que as crianças se entreguem às guloseimas sem restrição. Afinal, o consumo de chocolate em excesso faz mal, e é bom que a criançada saiba. Outro bom gancho sugerido pela psicóloga educacional Carmen Galluzzi é a questão nutricional. "Em vez de comer chocolate, que tal experimentar os alimentos da dieta do coelho? Além de muito acessíveis, a alface e a cenoura são nutritivas e gostosas", lembra ela. Em casa, a recomendação é a mesma: limite no consumo de tentações, para que a Páscoa não fique estigmatizada como um momento de liberação geral à mesa.
5. A programação de ensino deve ser preservada!
Na semana da Páscoa, as aulas já serão interrompidas na quarta-feira, devido ao longo feriado. Não faz sentido, assim, que se percam horas importantes para o ensino do conteúdo com troca de chocolates e confecção de orelhinhas de coelho - embora se possa reservar o período de uma aula para atividades assim. "Reservamos no máximo 1h30 para um lanche comunitário com colomba pascal e chocolate. Na aula de artes, a produção de coelhinhos e afins é opcional, o aluno decide se quer fazer", diz Vânia Barone Monteiro, do Colégio Dante Alighieri. No caso das escolas públicas, cada Secretaria de Educação define como essas celebrações podem ser trabalhadas nas instituições de seu estado ou município, de modo a não prejudicar o andamento das aulas. No Rio Grande do Sul, nove sábados ao ano são reservados para isso."Faremos uma apresentação no sábado dedicado à Páscoa, envolvendo alunos de todo o Ensino Fundamental", diz a supervisora Alice Von Groll, da E.E. Fátima de Canoas. Após a comemoração, fotos e informações sobre o projeto serão publicadas no blog da escola.
6. E o Coelhinho da Páscoa?
As crianças menores da Educação Infantil, de até 4 anos, estão com a imaginação a toda e podem tirar proveito de uma busca pelos ovos deixados pelo Coelhinho da Páscoa, no estilo "caça ao tesouro", seja em casa ou na escola. "O enfoque pode ficar na brincadeira em si, e não no personagem do Coelhinho", aponta a psicóloga educacional Carmen Galluzzi, estimulando pais, professores e crianças a se juntarem nessa troca lúdica. Ovinhos de chocolate e coelhos de pelúcia ou sucata podem incrementar a fantasia característica da época, sem prejudicar em nada o andamento escolar dos menorzinhos.
7. Para os católicos, ênfase na espiritualidade
Se você optou por colocar seu filho em um colégio oficialmente católico-cristão, é natural que conte, nessa época, com um trabalho mais espiritualizado. "Aqui, nem estimulamos a troca de ovos de chocolate, já que é a noção de vida nova, de renascimento, que nos interessa na Páscoa", diz Simone Alcântara A. A. Faria, assessora de formação cristã do Ensino Fundamental I do Colégio São Luís, em São Paulo. Simone explica que as famílias - muitas delas judias, evangélicas ou de outras religiões - matriculam seus filhos no colégio já plenamente conscientes de sua postura religiosa. Sendo assim, a formação cristã abrange todos os alunos. Antes da Páscoa, os pequenos aprendem sobre o sentido da Quaresma e da Ressurreição. Para o Ensino Médio, há até mesmo uma proposta extracurricular: os alunos poderão participar de um retiro durante o feriado da Páscoa. "Organizamos as viagens, nas quais os alunos se aprofundarão nessa experiência cristã", conta o professor Renan Nascimento, que também acompanha um trabalho voluntário realizado por alunos de 14 a 17 anos no Hospital das Clínicas de São Paulo (HC). Na quarta-feira anterior à Páscoa, eles promoverão uma festinha para os pacientes da Ortopedia.


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